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A pesquisa em torno do conceito de entravessamento começou em 2004 como parte da dissertação de mestrado de Ana Eugenia Abulafia, uma das criadoras do projeto. Em 2018, ela compartilhou e começou a experimentar a ideia com Renato de Alvarenga, usando as ferramentas da dança contemporânea e da performance.

Essas pesquisas, realizadas principalmente em espaços públicos, foram estruturadas como projeto em 2020. Nesse momento, eles decidiram ir além da dança e da performance, incorporando elementos como poesia, música e artes visuais ao trabalho.

Devido à quarentena imposta pela COVID-19, e com o interesse em dar sequência às investigações corporais, o grupo (agora envolvendo também Amália Lima, diretora de movimento, e Thalita Reis, intérprete-criadora) teve que se apropriar de novas ferramentas para seguir se aprofundando no tema. Os encontros agora, apesar de virtuais, não interromperam o fluxo de criação e sim o transformaram. Os componentes se apropriaram da linguagem áudio-visual, criando vídeos, áudios, imagens e assim usaram a Internet para realizar suas reuniões e compartilhar seus processos.

Renato Amu, músico, compositor e sound designer, foi convidado a criar uma trilha sonora original com base nos primeiros vídeos consolidados do projeto entravessamentos.

A criação partiu de uma pesquisa sobre as relações e conexões humanas, o “entre” as pessoas, as possibilidades de travessia que existem para conectar dois ou mais seres humanos e os entraves que podem surgir nessas trajetórias. Nesse processo, foram trabalhadas formas de travessia e conexão, interações com obstáculos possíveis e investigações/experimentações com o próprio objeto porta. Trechos de vídeos de dança foram criados pelos três artistas com base em:

  • estados de corpo (bicho, explosividade, proteção, desconfiança, desvio,  travessia, bloqueio etc.);

  • a materialidade da fita e seus desdobramentos no corpo;

  • o espaço (portas, portões etc.).

A formação diversificada dos criadores foi fundamental para que se chegasse à versão completa do projeto. Ana Eugenia, arquiteta e artista, trouxe ideias relacionadas às fitas adesivas “vestidas” pelo grupo como opção estética que trouxesse unidade aos vídeos (e as fitas são também restrições/entraves às movimentações das pessoas). Renato, poeta, trouxe textos relacionados à temática presentes em seus livros de poesia (p.ex., o texto “Portas”, extraído do livro Por acaso – Editora Ibis Libris / 2017 – e recitado em vídeos do grupo). Thalita, artista, pesquisadora e professora, ex-docente do curso de Graduação em Dança da Universidade Federal de Viçosa, trouxe uma sólida base acadêmica para o projeto.

Em julho/2020, foi lançada uma chamada aberta para receber imagens relacionadas ao conceito de entravessamentos. Como resultado, cerca de 100 imagens em seu sentido mais amplo (fotos, desenhos, GIFs, vídeos, textos, etc.) foram recebidas através do Facebook, Instagram e e-mail (oriundas da América do Sul e da Europa). Elas podem ser encontradas na galeria do nosso site.

Muitas dessas imagens recebidas de forma colaborativa foram usadas em vídeos do grupo. A ideia é ter um processo multidisciplinar de criação em torno do conceito de entravessamentos e buscar a beleza na diversidade de leitura/fazedura do conceito. 

A investigação foi aprofundada e resultou num vídeo (entravessias #1) contemplado pelo edital da FUNARTE. Em novembro de 2020, outro vídeo (casulos interurbanos) foi premiado: pela UFJF desta vez.

Em março de 2021, o projeto ocupou o teatro Cacilda Becker e realizou 3 ensaios abertos do espetáculo "entravessamentos". Devido à pandemia, foi aberto a um público bem restrito.  Em março de 2022, nova versão desse espetáculo foi apresentada novamente no teatro Cacilda Becker (Mostra Movimento em Curso - Ocupação EntrEspaços).

No segundo semestre de 2021 e segundo trimestre de 2022, a porta projetada para o teatro foi levada para o espaço público e entravessou a paisagem e a cidade por meio de dezenas de ações performáticas e interativas na cidade do Rio de Janeiro.

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